Há quem veja a cor como sinal de alerta
Ou a enxergue com embevecida vontade
A mim, nenhuma das visões parece certa
Pois sempre tive no vermelho a cor da verdade
Vermelhas são tuas maçãs e tuas madeixas
E a cor do céu que conheci na tua boca permitido
Vermelho é o estado em que deixas
Após cada toque, cada pecado cometido.
Vermelho é o quadro que batizamos “Amor”
E se dele apenas restar a moldura sem finalidade
Pouco importa pois foi pintado com nosso ardor.
Vermelho então será o tom da minha saudade.
Dizem ser luxúria, desejo ou mesmo ira,
Enganam-se estas opiniões e conselhos.
Pois de que modo esta cor à Verdade não se atira
Como reflexo exato numa sala de espelhos,
Se todo o mundo parece girar em mentira
Quando longe destes teus belos lábios vermelhos?