A existência é um grande vai e vem de gente nos nossos dias e nos nossos planos, mas dizem que a nossa vida é com os que ficam. Bem, eu vi tanta gente chegar e ir embora, mas você fica há um tempo tão significativo e tão cheio de histórias pra contar, que eu só posso encher os meus pulmões de gratidão pelo fato de a sua existência ter sido ligada à minha de uma forma tão especial.
Dizem que não se faz amigos, mas reconhece-os, de forma que é o coração quem diz. E eu reconheci você. Eu reconheci naquela primeira vez em que nós brigamos, e algumas horas depois, as duas estavam chorando e pedindo perdão. Eu reconheci na primeira vez em que você não me deixou sozinha. E eu venho reconhecendo, à cada nova semana, à cada vez em que a gente decide sair rapidinho e acaba fechando o restaurante japonês, porque a gente simplesmente não para de falar – aliás, eu andei pensando… e se a gente fizesse uma plaquinha, para indicar de quem é a vez de falar? Seria bem útil -. Eu reconheço a sua amizade à cada fato histórico, à cada gafe que a gente comete quando não deve e a outra sempre está lá, para rir junto. Eu reconheci em cada festa, em cada música que a gente cantou escandalosamente em cada bar que a gente foi. Eu reconheci quando o seu TOC se aliou ao meu, e me ajudou a pôr no lugar aquele quadro que estava torto, naquele bar que estava lotado. Eu reconheci a minha amiga quando eu consegui bloquear o meu cartão em plena madrugada, dentro de uma temakeria, e ela estava lá para ver a cena, rir comigo, e contar essa história melhor do que eu. Eu reconheci a minha amiga naquela viagem que a gente fez, para aquela cidade que a gente ama, para casar o nosso amigo.
Mas mais do que todas essas alegrias, e mais do que ter reconhecido a minha amiga, eu reconheci, na minha amiga, a minha grande irmã. Porque toda amiga é capaz de rir com você, toda amiga é capaz de suportar a sua tristeza, mas apenas a irmã confrontará a sua tristeza. Apenas a irmã irá te buscar para fazer compras, mesmo sabendo que você chorou, literalmente, a noite inteira, e chorará por mais algumas horas. Apenas a irmã te tira de casa quase à meia-noite, porque sabe que você precisa conversar. Apenas a irmã olha pra você e diz “tá ridículo, tira isso agora”, “nem pense em fazer isso no seu cabelo só porque é moda”, “eu estou muito feliz por você” (com o olhar mais sincero da vida). Apenas a irmã vai surtar em felicidade com você, e colocar os seus pés no chão ao mesmo tempo. Apenas a irmã fica enquanto outra leva de gente vai embora, e tem outra leva de gente chegando. A irmã fica, mesmo que às vezes ela precise de um tempo para ela. Porque é um coração ligado ao teu. A amiga-irmã é um presente especial. E se torna mais especial ainda, quando começam a perguntar se vocês são gêmeas.
Eu queria que todos tivessem a sorte de ter uma amiga como você, e reconhecer nela, uma irmã; porque eu é que sei o quão afortunada sou. Os meus pulmões é que sabem o quanto eles já se encheram de gratidão pela sua existência ligada à minha, pelos seus ouvidos que provavelmente xingam a minha falação de vez em quando, pelo seu abraço que sempre vem na hora certa, pelo seu olhar sincero e pelo companheirismo que não me deixa.
Você jamais estará só, porque você terá a minha irmandade para corresponder a sua. Não importa quando. Não importa onde. Não importa como. Mas você importará sempre…
Porque sis.